Entro na casa de costura silenciosa. Logo ao ouvir o barulho de meus passos, meu criador desce das escadas vestindo seu pijama, assim como de costume.
– Gumi...Você não parece precisar de tecidos ou linhas hoje...O que houve?
Sinto um sorriso maroto e sombrio se formar em meus lábios.
– Vim me despedir de você. – Eu disse, escondendo o livro e o facão afiado em minhas costas.
– Despedir? – Ele me olhou confuso
– Nunca mais precisarei de remendas depois de hoje. – Sinto meu sorriso se alargar, conforme me aproximo dele
Vejo-o empalidecer, enquanto começa a dar alguns passos para trás.
– D-Do que está falando? Achou algum jeito de parar sua decomposição?
– Sim, eu achei um, em um manual bem explicado. – Eu disse, jogando o livro pra ele – E nele dizia... ‘’Mate o seu criador’’.
Vejo as pernas dele fraquejarem enquanto ele cai no chão de madeira. Ele tremia enquanto se rastejou até a escada, tentando se levantar.
– Naquele dia você jurou fidelidade a mim! – Ele gritou
– Fidelidade? Não seja hipócrita! Você foi o primeiro e único trair! – Eu disse, sentindo a raiva voltar a mim, e o puxei pela gola do pijama, deixando-o cara-a-cara comigo enquanto eu posicionava minha faca para cortá-lo. – Não se preocupe, vai ser rápido...- Eu disse, repetindo as mesmas palavras que ele disse no dia que me matou – Assim como fez comigo.
Ele me olhava, com os olhos arregalados, completamente apavorado, balbuciando palavras sem sentido algum. Eu me diverti com o medo dele.
– Espero que queime no inferno. – Foi a última coisa que eu disse
Logo depois só se ouviu o grito dele. Tiro a faca de seu peito, deixando o sangue jorrar e sujar o piso. Sorrio enquanto observo a lâmina avermelhada que tinha em minhas mãos.
E então, se passaram alguns minutos. Olho para a minha mão. Nada diferente.
O que havia dado errado?
Eu ainda sou uma remendada e louca Matryoshka!
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