29.12.12

Matryoshka 2 - Capítulo 2


Acabo esbarrando em alguém e caindo no chão. Murmuro um ‘’desculpe’’ baixo para a pessoa, antes de olhar pra ela. Era uma garota de cabelos verdes curtos, vestindo um casaco vermelho e...olhos multicoloridos como os meus? Agora que noto, as mãos dela estão cheias de remendas, com tecidos parecendo bem antigos. Será ela uma Matryoshka também?

Nos encaramos por um tempo, perplexas. Eu nunca tinha visto alguém igual a mim, provavelmente ela também não. Ela me estende a mão para me ajudar a levantar.

– Seus olhos...Você é uma Matryoshka, não é? – Ela disse, com sua voz rouca.

– Sim, eu sou... – Digo, aceitando a ajuda

– Eu não sabia que existiam outras...

– Eu também não. – Olhei pra ela, que sorriu pra mim

– Gumi.

– Miku. – Eu disse animada, mas logo lembrando do que tinha acontecido a poucos minutos atrás, e ficando mal de novo, mas tentei disfarçar. Queria ter a chance de conversar com essa garota. Se eu a perdesse de vista, nunca mais acharia alguém igual a mim, provavelmente.

– Miku-chan...Seu criador fez algo?

Eu quase pulei de susto quando ela perguntou isso. Como ela sabia que eu estava mal, e principalmente, que era ele, se tinha acabado de me conhecer?

– Como você sabe...?

– Você não é boa em esconder as coisas, mesmo pra um desconhecido. E nós só falamos com nossos criadores, não é?

Fazia sentido. Eu assenti, cabisbaixa.

– Ele estava com outra...Eu achei que ele me amava...

O rosto dela mostrava compreensão, como se ela mesma já tivesse passado por isso.

– Sei como é. Mas é assim. Te trazem à vida novamente, te usam e depois jogam você em um canto.

– Novamente...? – Perguntei confusa – Do que está falando?

– Nós já vivemos antes disso. Você apenas tem que recuperar as suas memórias. Eu por exemplo, fui morta pelo meu criador, por ciúmes, e traga à vida de volta para ser somente dele. E logo depois que comecei a me decompor ele se casou com outra, e me deixou de canto.

Olhei-a. Deveria realmente confiar nela? Analisei seu rosto, ela parecia dizer a verdade, apesar de não demonstrar nem um pingo de tristeza ao falar disso.

– Você não sente nada sobre isso?

– Já tive minha vingança.

– ...Vingança?

Ela abriu a boca para falar, mas parece ter pensado mais uma vez, e não disse nada, o que fez minha confusão aumentar.

– Você está tendo problemas com a decomposição, não é? – Ela disse

– Estou...

– Eu sei um jeito de você pará-la e voltar a ser humana.

– Como?! – Perguntei, entusiasmada. A idéia de poder fazer Kaito voltar a ser somente meu me deixou animada novamente.

E pela segunda vez, me surpreendi pelo que veio a seguir.

– Mate-o.

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